depósito 86

Uma vez alguém me disse que é importante ter um lugar onde se possa despejar tudo o que se pensa. Seja no psicólogo, pra um cachorro, uma tia velha surda, um diário, um site.... desse modo você estaria poupando as pessoas de ouvirem isso. Esse blog segue essa filosofia

Thursday, June 15, 2006

Hans Magnus Enzenberger em seu livro “Elementos para uma teoria sobre os meios de comunicação”, sonhava com uma mídia democrática. Um lugar além dos interesses do capitalismo onde todos tivessem acesso à divulgação de idéias e não atuassem apenas como receptores de pensamentos manipulados. O escritor, principal representante da nova esquerda alemã, porém, não via a manipulação como algo intrinsecamente ruim. Ao contrário, acreditava que “um esboço revolucionário não deveria fazer desaparecer os manipuladores, mas sim transformar cada um de nós em manipulador”.

Apesar do caráter pejorativo que a palavra possui, devido, em parte, por décadas de análises e discursos inflamados de líderes sindicais, aqui ela não será substituída. Faltam manipuladores na mídia, ou ao menos manipuladores que atuem de forma clara. Que expressem opiniões como opiniões e não sob a confortável sombra da imparcialidade e objetividade fajutas que as matérias jornalísticas proporcionam.

Opinar tornou-se algo raro na maioria dos veículos de comunicação. Nessas eleições a rede Globo proibiu todas as suas emissoras afiliadas de exibirem comentários políticos. O jornalista Cláudio Prisco Paraíso afirmou recentemente que foi demitido do jornal O Estado e do SBT por pressões do governo. Exemplos não faltam.

Se Enzenberger e a teoria marxista para os meios de comunicação buscavam o acesso democrático à divulgação de idéias e opiniões, o que acontece é o contrário. Cada vez se vê menos independência e opinião (em assuntos que não sejam Copa do Mundo ou a novela) na mídia. O vínculo de veículos de comunicação de massa como a televisão e o rádio à política e a patrocinadores se não chega a censurar manifestações contrárias a seus interesses, deixa isso subentendido. Não existe mais censura. O poder do governo e do capital já não conduz aos porões da ditadura os que se manifestem contra o sistema, mas sim ao ostracismo e ao desemprego.

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